Uma das mulheres mais sensuais da TV, Maria Casadevall vai tirar seu fôlego nestas 14 fotos que ela fez especialmente para o aniversário da VIP. Tudo bem, você vai sobreviver. Enfeitiçado, mas vai...
As minhas memórias dela são de coxia, dos bastidores do teatro; como aquela vez em que fomos à Rua 25 de Março, atrás de lâmpadas pisca-pisca para iluminarmos um espetáculo que apresentaríamos no festival Satyrianas. São memórias das salas de cinema, quando assistimos a Como nas Canções dos Beatles: Norwegian Wood, e saímos mexidos pela experiência existencial das personagens. E memórias das nossas caminhadas que quase sempre desaguam em algum café, desses que podem nos surpreender com uma maravilhosa taça de cappuccino.
No coração e na cachola da atriz Maria Casadevall, que está na novela I Love Paraisópolis, na qual vive a Margot, delicadeza é a primeira apresentação do mundo. Mar, como a chamo, é uma paulistana que sabe bem que a sensibilidade é um meio caminho entre querer continuar sendo educada pela civilização e descivilizar-se. A atriz, que nasceu na histórica Rua Maria Antônia, centro de São Paulo, mantém, entre os rituais domésticos, o culto a um velho All Star vermelho. Talvez tenha sido esse seu primeiro “segredo” poético urbano que tomei contato e que de alguma forma me levou a um universo de muita espontaneidade, luminosidade, delicadeza (muita delicadeza!), generosidade, alegria e, também, lágrimas; algumas delas trago enterradas no antebraço esquerdo, fazendo par, a distância, com a canção interpretada pela Billie Holiday (Love Me or Leave Me), tatuada no seu antebraço direito.
Maria, que já trilhou pela Austrália, Estados Unidos, França, Japão e por tribos indígenas no Brasil, anda preferindo ver o dia nascer e assim caminhar dentro das primeiras horas de uma cidade quase deserta, que, por segundos, leva a crer que o caos urbano não chegará horas depois. Amante da boa comida japonesa, cinéfila, leitora atenta – onde cabe de um Cioran, Raduan Nassar, passando por Clarice Lispector ao poeta Manoel de Barros –, ama o silêncio e aí está uma boa chave para percebê-la. Respeitar seu silêncio, ainda mais se for depois de uma sessão de cinema (risos), é um bom começo de cumplicidade a se perder de vista pela vida. Além de atuar, escreve, desenha, fotografa e guarda, dentro do estojo de óculos, um patuá de Santa Clara – padroeira da televisão, como bem está na famosa canção do célebre compositor
baiano Caetano Veloso.
No blog, “Lá da minha cachola – o som de Maria”, no qual rabisca suas indagações poéticas, lê-se as seguintes linhas: “Tua ausência envelheceu meus olhos/ amarelou meu riso/ fiquei sem posses/ descaminhei/ volte logo, Poesia/ assim quem sabe um dia/ à tua revelia/ eu possa morrer de vez”. Os seus movimentos pela vida são assim, sempre da ordem de uma sensibilidade apurada. Do abraço longo e afetuoso que sempre dá, como uma espécie de exercício de suspensão do tempo, às mãos estendidas e dispostas a reinventarem-se na direção de um algum morador invisível da cidade de São Paulo, a metrópole que aos poucos vai tomando conhecimento da sua grandeza artística. Ela dança na vida, como algumas lentes já flagraram, como a personagem Michele de Os Amantes da Ponte Neuf, interpretada pela atriz francesa Juliette Binoche, de quem é profunda admiradora.
Maria, atriz intensa, disponível, sagaz, que já foi A Senhora do Parque (Roberto Zucco), Maria Valentina (Lara com Z), Patricia (Amor à Vida), Lili (Lili, a Ex) e agora, Margot (I Love Paraisópolis), mas que no fundo é uma menina que procura a pegada de uma secreta alegria e por isso compreende bem que “o correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem”.
Um dia, me disse: “Porque eu, se não pudesse ser humana, na certa escolheria ser uma janela”. Maria, com os olhos sempre atentos à vida. Evoé!
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